quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Não me arrependo de nenhum segundo dedicado às rosas que vi florescer. Foram regadas com amor, e de amar não há razão para arrepender-me. No que se refere a amar talvez me arrependa sim, se um dia não conseguir demonstrar, aí já não fará sentido o respirar. Desfalecer-se-ão o eu, os nós, o laços e os vós...  

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sair só. Só sair...

Em busca de essências, e muito sedenta por sinal.
O campeonato mundial pouco importa, o bate-papo no intervalo das aulas(quando se tem) parece fútil, projetos adiáveis, o espaço que ocupo parece temporário e não me pertencer... Tá faltando algo... O agito, o diferente, o que tire o sono e dê paz, tá faltando...
Ultimamente tem sido bem assim, com medo de quem promete, em companhia de mim mesma, sumindo quando dá na telha, aparecendo quando convém, rindo de mim quando vejo grávidas ou quando uma criança parra por mim e sorri(juro que queria rir comigo, mas qd vejo já ri de mim, e sinto que a Vida ri junto, de mim). Ora acho Djavan o cara, ora o cara mais brega que já ouvi e quando escuto Sílaba, Alem de amar e Cair em si saio do páreo... Desisto de análises, intertextualidades e afins. Elas já me tomaram.
Doída, muito. Por ter ferido, julgado, ter sido imediatista, por ter estragado. Afastada de sonhos, não por ter desistido, mas por necessidade de reformular alguns. Se contruir é trabalhoso, imagine...
Ahhh... com saudade de mim, essa eu tô faz tempo. A dúvida é se é como uma saudade de quando alguém morre e as lembraças rodeiam, fica fazendo ruídos nos cantos da casa, te lembrando uma essência além carne e que presente ou não lhe constitui; ou saudades daquela que sente quando não vê a pessoa faz um tempão mas tem certeza que vai rever, por papos em dias, contar aquele mico que pagou, aquela sensação que não contou a mais ninguém, não por ser segredo, mas passou despercebido saca? Que louco... Rs! Nem sentir saudade eu sei... Talvez até saiba. A parafernália toda talvez esteja em tentar entender a danada...
Meu coração tá "igual que nem fole de acordeão. Tipo assim num baião do Gonzaga", como diria Chico: "Ora brinca de inflar, ora esmaga..."

Mas vou de Lenine: "Hoje eu quero sair só..."

Sem castigo!





E mais um dia, cumprimento de rotina: Após banho e almoço, deveria pentear o cabelo e aguardar; mas toda ordem do Universo pode ser bulinada quando ela invoca com alguma coisa. Não por birra, mas os questionamentos e perguntinhas são tantas que para calcular 1+1 você resolver contar nos dedos para não ter dúvida. 
A temática do dia foi o cabelo. E desta vez, ela queria “esquentar” o cabelo. Sua irmã mais velha, volta e meia estava com o cabelo alisado. A mãe, tias e avós em reuniões sociais também, e ela não entendia por que ao invés de ter seu cabelo “esquentado”, faziam trancinhas para que pudesse usá-lo solto. E sempre dizia: “Quero que minha avó esquente meu cabelo! Quero mesmo. Se o da minha irmã pode, por que o meu não pode?”
Sua avó alisava cabelos crespos profissionalmente. O que chamava a atenção era o método arcaico utilizado para isso: chapinha à ferro. Sim, você leu isto mesmo, e não se trata de algo ocorrido em décadas anteriores. Pleno 2012, ainda utilizam deste método de tratamento capilar (ou adestramento; como queira chamar). A garotinha cresceu vendo sua vó fazer isto, e chegava a ficar boquiaberta com o efeito da mágica que a vó fazia: a mecha crespa ou enrolada em segundos estavam estiradinhas, como cabelo de índio. E ela, não via a hora de fazer parte do número. Queria crescer mais um pouquinho para ver o efeito daquela mágica bonita no cabelo dela.
Mas bem neste meio dia de intenso calor soteropolitano, enquanto a tia desembaraçava seu cabelo, ela folheava o livro da escola quando se deparou com uma índia. Olhava para a índia, olhava para o espelho. Olhava para a índia, olhava para o espelho. Ate que franziu a sobrancelha; olhou a índia novamente e encarou o espelho, com olhar bem fixo. Aquilo chamou a atenção da tia que perguntou: “Sua cabeça está doendo?” Ela não respondia. E a tia insistiu na comunicação: “Menina, o que foi?” Quando foi surpreendia com a indagação: “Eu não sou brasileira?” A tia responde: “Sim. Claro que é.” E a garotinha apresenta sua lógica: “Então a índia que não é brasileira não é, tia?” A tia: “Claro que é também.” Ela reluta: “Não é não. A gente é muito diferente. Olhe meu cabelo e o dela. Quem é brasileira, eu ou a índia?”
A tia, como quem quer por ponto final: “As duas, menina! Onde já se viu...”
A garotinha calou. Não por consentir, mas dispirocou em “pensares infinitos” ainda mais. E voltou: 
-Ah tiaaaa! O índio não já morava aqui antes de todo mundo, não é?
-Sim.
-Então eles que são brasileiros. E a gente só fica mais brasileiro quando esquenta o cabelo, porque ai fica lisinho que nem a índia do livro. Então a gente esquenta o cabelo para ficar mais brasileira, tia?
Aquelas palavras que saim bailando naquela vozinha inocente ressoava na cabeça da tia como símbalos dum sino gigante. Não pela voz irritá-la, mas pelo fundamento do questionar. Ecoava lá dentro: “Por que eu aliso meu cabelo, meu Deus? Esta criança é um android?” 
A tia, simulando uma firmeza de idéias, conta de maneira breve a história do Brasil:, miscigenação, chegada dos negros, enraizamentos dos colonizadores e outras questões envolvidas. A criança ouvia atentamente, até que quando perguntou: “E quando as negras começaram a esquentar o cabelo? Era inveja das índias?”
A tia pacientemente e com certo pesar, tentou adaptar (converter, talvez) a história a uma versão infantil, e se pôs a narrar que os homens brancos “namoravam” com suas mulheres brancas, mas ainda assim queriam namorar as negras. Logo, as mulheres brancas queriam saber o porquê. O que as negras tinham que chamavam atenção? Como as Sinhás não podiam mudar a cor das negras, nem a anatomia dos seus corpos, mexeriam em sua madeixas, para deixá-las cada vez mais semelhantes e não chamarem atenção dos maridos. Até parece... Mesmo que as negras não querendo, eram forçadas a isto, muitas vezes apanhavam, tinham seus corpos marcados a ferro e outras até morriam de tanto mau trato.
A menina então parou e fez: 
-Tia, que vergonha!
-De que?
-De quem alisa cabelo. Isso era castigo. Castigo por que era diferente, tia? Mas você não me diz que sou diferente, e isso é bom?
A tia ficou sem palavras. Quando nossa pequena socióloga prosseguiu em suas provocações:
- Então você gosta de se castigar, tia? Minha vó trabalha transformando o cabelo das pessoas por que elas não gostam do que são? Então elas saem menos brasileiras... Não quero mais esquentar meu cabelo, não.
-Você está certa. Mas venha pentear seu cabelo porque a condução daqui a apouco chega.
-Mas apertar com esse elástico, encher de creme e trançar também não é castigo?
-Não, meu bem, é cuidado. 
-Então hoje quero ir só com creme. Deixa ele bem solto. Bem brasileira. 
E assim ocorreu. Foi à Escola, a La Brasileira.
Quando mais tarde retornou da Escola, desceu saltitante como sempre da condução. Sua mãe não a tinha visto quando saiu por estar trabalhando, e agora no seu retorno, deparou com o visual Black da negrinha. A mãe achou uma loucura aquela cabeleira volumosa, ao vento. E exclamou: O que é isso menina? Que cabelo é este?
Quando ela respondeu: Cabelo de pretinha, mãe. Cabelo de brasileira. Brasileira sem castigo!
E desse dia em diante nunca mais falou em esquentar o cabelo... Só quer brasileirar, e isso ela sabe fazer muito bem.
Vulpes Persona

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Eu soubesse se

"Há encontros que matam."
               Alphonse Dupront


Se eu soubesse não teria ligado
Se eu soubesse não teria saído
Se eu soubesse não teria marcado
Se eu soubesse não teria insistido
Se eu soubesse não teria assistido

Se eu soubesse.
Como não soubera
Há do que ter se arrependido?

Se Dupront tivesse me contado
Talvez não tivesse ocorrido
Ou mais uma vez teria teimado?
Encontro matante, matado, morrido.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Roxazul

                                              

A moça de roxo
Pacata e tão séria
Sentada sobre o banco duro

O moço de azul
Sentou ao seu lado
E logo derrubou seu muro

Lhe deu uma abraço
Entre tantas lágrimas
Como se lhe regasse a alma

Danado de moço
Driblou o desespero
Sussurrando pra moça: "Calma..."





Poema perdido

Sumido poema
Lhe caço a a dias
Por que "redevu"* não te acho?

Encartes, folhetos
Todos rebulidos
E você perdido
Diacho!

Lembrança achou que hoje era dia
De vir comigo passar
Diz que quer te ver
E já não entende
Por que eu não quis te mostrar

Expliquei pra ela
Que quando nascestes
Foi em momento de amor

Porém mais tarde
Já não consegui encará-lo
Ta tamanha era a dor

Danado poema
Já tem até filho
E esse acabo de parir
Aposto que está em um canto bem perto
Olhando pra mim a sorrir

Dizendo
Mas que moça tola é essa
Já cansou de me procurar?
Estou muito fácil
Sempre ao seu alcance
Paciência e vai me encontrar

Já posso te ouvir:
Estive tão perto
E leva-me dias contigo
Desta vez não foi em guardanapo
Ou no verso te qualquer artigo

Estive quieto, calado
A espera de quando quisesse me achar
Perdido numa matéria boba
Do velho caderno
A te acompanhar



* A palavra "redevu" muitas vezes utilizada em certos locais do Brasil para representar a ideia de agito, confusão ou coisa do tipo. Em muitos sites, o vocábulo passa por uma correção e é vertido em "randevu". Essa nova palavrinha (bem assim escrita) é turca, que traduzindo seria em Português "nomeação"... Puft! E nesse Brasil de meu Deus quando se diz "redevu" não se quer nomear mais nada. Apenas dizer que houve a tal parafernália e pronto! A menos que a tal "nomeação", seja sinônima de "nomezão", que poderia ser uma palavrão. Para explicar um vocabulozinho, quanta volta! ... Como diria voinha: Que redevú!

Navegante Mareado...










Mares que a mim inunda
Largo mão ser navegante?
Maremoto tange, assusta
Por mais que lhe seja amante

Te adentrei em calmar
E em teu meio tive medo
Da gota virar veneno
Do sacode que me dava
Tive medo do ingênuo

Hoje busco terra firme
Mas ainda titubeio
Acostumei com teu balanço
E sonhar em devaneio
Crédito: Tito Garcez

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Bem que se quis...



Bem que se quis,
Fazer um poema rosa
Com toque de amor eterno
E graça de moça prosa

E mais cedo fora criado
Num toque, desarnado
Sem muito apagar
Ou troca de vocábulo

Mas não fora declarado
Talvez tenha sido pecado (não declarar)
Agir assim, por instinto

Mas era muito saudável
Parecia suco de fruta
Quando o final do dia, pedia abiscinto

Lista de presentes: Abismo, Granada e Rosas


Queria de presente hoje um abismo ou uma granada.
O abismo para eu dançar "Dois pra lá dois pra cá" do precipício mais alto antes de ficar na ponta dos pés na pedra mais pontuda.
E a granada? Nesta eu habitaria. Aguardando o dia em que alguém fizesse a gentileza de puxar a maçaneta da minha porta, lançando meu lar aos ares.
O poema escrito mais cedo virou lixo, sua poesia perdeu o brilho, e a rosa... Não quero falar dela! Me remete a Rosa de Iroshima...
Destroços.

sábado, 24 de novembro de 2012

Desquerer

Só quero não querer, e tem dias que isso já é querer muito.
Já não quero explicar
Já não sei entender
Mas aceito... Aceito porque aceitar independe do meu querer
E como nem isso sei,
Só quero não querer. E em dias como hoje querer isso talvez seja querer muito.
Já não sei querer...

sO La sI

Aceitar o “Se”
Que por fim não cabe em mim
Sigo So La Si

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Amantes e suas estranhezas...

Suas crises, contradições, loucuras, saudades, ansiedades, paciências, invasões, orgulhos (e orgulhos) ...

Enfim, suas estranhezas...

sábado, 17 de novembro de 2012

Vôo assumido


Quer fazer? Faça. Mas seja franco consigo mesmo, e assuma os reais motivos para isso. Não queira atribuir a alguém a única motivação para sua atitude quando há outros fatores envolvidos, não mesmo...

Quer voar? Abra as asas. Alce vôos ousados e sinta o vento te beijar alucinadamente e gritar em seu ouvido: "Você é livre!". Mas voe na certeza de que no ar também pode haver obstáculos. Vai na fé. Só não tenta atribuir aos semelhantes que ficam no ninho as razões do sua partida. Assuma que quer ir porque as manobras maravilhosas que anseia fazer, não casam com o que lhe é oferecido no ninho.

Estou a beirar o ninho. Antes, esperava que a árvore crescesse mais para que o vôo pudesse ser mais emocionante. Durante, fiz ninho num morro, um dos mais altos, como eu quis. Hoje anseio o morro maior, e quando me lançar que o vento aceite bailar comigo e me abrace entre um movimento e outro. (O abraço dele é sempre bom. Ele abraça, mas não te contém.) E não tenho me importado com a velocidade em que desço. Sim, o pouso é incerto. Tem pouso que é queda. E há queda que não é sentida, pois momentos antes de chegar ao chão são lembranças alucinadas dos "dançares" feitos. E se este for o caso, que eu seja uma nova espécie de Fênix, para poder contar o Depois, depois.


Para rimar

Laço
Braço
Abraço
Aço
Faço
Estardalhaço
Desfaço
Estrilhaço
Disfarço
Fracasso
Pedaço
Regaço
Traço
Espaço
Cabaço
Palhaço

Para rimar com meu cansaço


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sumiço

Agora percebo
No escuro do medo
O lance de tudo que aconteceu

O laço rompido
O motivo não dito
E o sacrifício desse doar seu

Hoje o peito chorou
Deplorou o lamento
Do disse-não-disse
Da coisa não dita

Porque percebeu
Que faz o que mais teme:
Causar dor em quem ama
E deixar que repita

E hoje percebo
O lamento que insta:
A mente doída
Por te abandonar

O canto sofrido
O silêncio que grita
Chorando amargo
A tua partida

E tem dor maior
Do que ter tão distante
Um amigo que sempre
Demonstrou amor?

Uma pessoa doce
Que foi tão presente
Que a leviana amiga
Hoje sacrificou

E eu que achara
Desatar o nó
Se assim com um "So"
Te perdesse de vista

Deixei ir para longe
Alguém que tão sempre
No palco do meu coração é artista

E hoje amigo
Te peço licença
Pra olhar nos teus olhos
Pedir te perdão

Por não ter te explicado
E sei mais ter sumido
Sem deixar no chão rastro
Ou pedaço de pão

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Vi-bi-rar, Vibrar, Vi ar. Te vi em ar, Em movimento, te respirar...

Para hoje?
Bastaria a visão da Contorno, contigo; seus braços em torno e nada mais...
Dentro dum abraço, que em si  é laço, perder a hora, do relógio fazer descaso e esperar... Esperar pelo que ao certo não sei, mas contigo não teria pressa...
Esquecer que existe tempo, desdenhar dos contratempos, espirrar seu perfume num catavento, ou mais, na Rosa-dos-ventos e sentir a brisa cheirando a você...
Me parece bastante...
Visão do mar, habitar em seu abraço e te inspirar.



Nota alucinada



E se há alucinógeno mais natural e forte que a saudade é desconhecido...
Bagunça teorias, descabe em bulas e quando o sujeito não sacia pode ter danos irreversíveis...
Ah... sinto informá-los, mas prová-la não é opcional. 

Atenciosamente,
Viciada e Dependente...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Fuga de Primavera

Desta primavera que chegou de mansinho, em noite tão serena, trazendo consigo lembranças das demais estações, não aceito ver tão pouco, e tentar ignorar as flores que ainda estariam por vir. Nem um mês tem de chegada, e se faz de contentada quando ainda lhe faltara receber a visita de tantos beija-flores e colibris. Mas não mando em ti, Primavera. Nem meus anseios tenho controlado, quem dirás... Assim, te vejo, te aprecio, te critico fortemente (mesmo sem ver tamanha beleza nisto). Enquanto isso, fico aqui entre o Terno Cinza de Vander Lee e a Primavera de Vinícius, procurando no Google Maps um lugar do mundo em que não haja você. E se não encontrar serei andarilha, fugindo de ti: Instalando-me onde houver verão, e iniciar novas trilhas em fim de inverno. Se deixar de existir você não irá, meu jeito é tirá-la no centro das atenções. Tenho medo de flores de plástico...
Nojo de você? Não... Mas és tão maravilhosa que não sei lidar com isso... Perdoe-me a estupidez...

sábado, 29 de setembro de 2012

Toques, retoques e afins.

Se toque, que não há de ser qualquer toque que me provoque. De você quero o que há no estoque, do mais seleto, do que há de mais belo no seu bosque. Quero que me perceba a passar no seu quiosque, que sou o acabamento final do seu retoque e não mais espere meus toques para que se toque.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Te Sinto... sinto muito.

E você sabe o que tem para falar, e sabe porque tem seus receios. Só aguardo você fazer isso quando achar ser o melhor momento. Não compreendo porque os receios até agora, rs; tampouco acredito que devo insistir para que isso ocorra para sanar uma curiosidade minha. Para que? Mas, cuidado! Te sinto, e muito... Sinto muito. E nessa brincadeira de sentir, legendas tornam-se dispensáveis, minha criança. A ponto perceber quando algo foge do curso comum.
Sou cabeça dura, rude para compreender algumas coisas, de fato, mas das poucas coisas que retenho, algumas fixam, sabe? E umas das coisas que fixou em mim foi: Não vale a pena sacrificar a Paz pela eficiência. E comungar Paz e Eficiência, exige paciência.
No mais, fica em paz.
Estou em paz.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Bem-querer



"Há tanto em comum: vontades, quereres, sentires, amores, que não são comuns aos demais... Aguardo cenas do próximo capítulo tendo convicção que ainda há muito o que rir e chorar, mas que seja qual for o caminho, será o melhor para os dois."
China


Depois de desgastes, idas e vindas, choros e risos,  chega um momento que reconhecer é o que resta. Feliz quem consegue num balanço reconhecer perdas, ganhos e não deixar de acreditar e bem-querer. Para raros.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mais um


Para hoje, apenas o que posso retribuir. A saber: Um bom abraço. Porque abraço é laço. E de enlaçar-me, entendo...


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Cá entre nós(todos)

Ela acordou, sentou e rabiscou:

"Se você soubesse o efeito que surte em mim, seu ato de indicar entre meus amigos, possíveis novos amores, você pararia. É só mais uma forma de você cuidar de mim. E creia: Amo cada vez mais quem de mim cuida. Não faço esforços para apagar da memória o que foi bom. É minimizar demais. Se torce mesmo pela minha felicidade, pára tá? Isso não me faz feliz. E estar feliz independe de ter alguém do sexo oposto do meu lado. Se tiver, melhor, se não tiver o amor próprio faz das suas facetas.  Mais vale uma "solteirice" feliz, do que estar com alguém como sucedâneo de outro(ou pena)."

Ps.: Gosto de você querer o melhor para mim. O complicado é que até discernir o que é o melhor para cada um, cometemos alguns equívocos...



Mas ela não enviou. Depois rasgou, com medo que alguém pudesse ver. Sentia vergonha dessa coisas que a paixão faz o ser assumir. Encontrei, montei, colei, e publiquei.

Cá entre nós todos: Não conta para ela, viu?

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O barquinho

Que para navegar nesses mares da vida, seja humilde o suficiente para reconhecer a necessidade de ter uma bússola.
Que quando for preciso alterar a rota, reconheça a tempo.
Que quando o vento Sul deixar o mar revolto, e tempestades dificultarem a navegação, lance a âncora que te firma e espere condições propícias para prosseguir a viagem.
Que quando a tempestade passar, compreenda que é chegado o momento de recolher a âncora, e seguir. E que não confunda chuvas com tempestades.
No mais, boa navegação.
Segue o barquinho.
Que ele te sirva.


Salvador, 06 de junho de 2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Pequeno Príncipe


Abro, folheio, chego a rir sozinha...
Até o capítulo 20, leio. No capítulo 21, sou lida, desarmada, despida... Daí em diante me perco em "flash-backs", e já não quero em encontrar.

Falsa liberdade

O mau uso da liberdade é a pior escravidão que o homem pode submeter-se. É como levantar uma prisão com as próprias mãos e acorrentar-se. E o pior: Acreditando ser livre.
As correntes mais pesadas escapam aos olhos.

domingo, 2 de setembro de 2012

"Se perguntarem por mim diga que estou cá pelos fundos preparando um café (por uns meses), provavelmente muito forte"

sábado, 1 de setembro de 2012

...



-Então fala logo.

-Desisti de te entender!

-Sabia que você logo, logo abriria mão de mim...

-Desistir de te entender para te aceitar, idiota!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O que, o que é?

-Tia, o que quebra com um ovo, mas não quebra com uma pedra?
-Ai meu Deus! Essa eu não sei...
-Prest'enção! Quebra com um ovo, mas não quebra com uma pedra. Que é?
-Quem te ensinou?
-Minha irmã. Que é tia?
-Não sei.
-Jejum.
-Hahaha! E o que é jejum?
-É jejum!
-Sim, e o que significa? O que é isso?
-É aquilo que quebra com o ovo.
-Tá me enrolando, né?
-Aahh, não sei...
-É quando a pessoa fica muito tempo sem comer.
-E jejun é grande ou pequeno?
-Depende de quanto tempo a pessoa fica sem comer.
-Hum... Então jejum é perigoso. A pessoa fica com fome, fica velhinho e pode até morrer.
-É perigoso, sim.
-Eu tenho medo de minha vó pegar jejum.
-Por que?
-Porque tenho medo de ele ficar velhinha, né? Não quero que ela morra.
-E se ela morrer?
-Eu vou sentir muita falta, vai dar saudade, e eu vou chorar.
-Mas ela não pode ressuscitar? Viver de novo?
-Ressuscitar? Como pode isso se os bichinhos vai comer ela, e ela vai fazer parte do animal?
-Ahh, morzinho... Eu não sei ressuscitar. Deus é quem sabe!
-Mas como ele sabe?
-Só sei que ele sabe. ele quem criou tudo, que deu vida, e sabe como fazer a pessoa viver de novo.
-Hum... Mas não faça jejum não, viu?
-Viu!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Leite derramado

"Se você soubesse como gosto de suas cheganças, você chegaria correndo todo dia"
Chico Buarque

sábado, 25 de agosto de 2012

Razão & Proporção

Sim vidinha, mais um exercício proposto:

Comida está para fome
Água está para sede
Como saudade está para mim

Conclusão: Saudade só serve se saciada.

Entendida a proporção, qual a razão, até então ignorada?

A saudade em si, é a própria razão. Por ser a relação estre duas grandezas do mesmo tipo*: A relação entre eu e você.




A Vida em si, já em cheia das Proporções, tenham elas Razão ou não. E ai surge a questão: A Matemática imita a Vida, ou a Vida imita a Matemática?

Inspira não



Escrevo, escrevo, escrevo.
Releio, desgosto, apago.
Palavras boicotam a escrita. Fogem.
Re-escrevo. Pensamentos desordenados se atropelam.
Insisto, canso, "me reto"!
Maldição? 
Não. O mal é a falta de inspiração.
Adio...

Inspiração




-Não sei que nome posso dar a isso: Você só vem quando quer. Quando não quer permanecer, não há artifício que te faça ficar. Aí quando desisto; enfim, te ignoro,  você sutilmente aparece. Surge assim, sem demais explicações, como se nada tivesse acontecido, se acomoda, e sua presença me faz perceber o quanto sua ausência é angustiante. Pior: Não resisto.
-Se essa é a descrição que tem para mim, acredito que descobri um nome.

-Qual?
-Inspiração (rs). E chego sem avisar porque não preciso mais de convites para me fazer presente em sua vida; não fico por artifícios porque o que não é espontâneo não te serve e mais importante que estar aqui sempre que você quiser, é comparecer quando você precisar. Seja para te salvar de enchentes num sonho, pintar um raio de Sol para colorir sua tela, ou apenas saber se está bem quando sinto que precisa de cuidado... Se não tiver a quem inspirar, a inspiração não teria sentido. 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ausência em dispensa

Sim, D. Ausência, cale-se! Não tô te pedindo conselho, nem te fazendo perguntas. Você faz silêncio, mas é ao mesmo tempo tão gritante que irrita. Bem que mainha sempre diz: "Toda ausência é atrevida". E deixa eu te contar: Tô cansada dos seus gritos. Se a rua me chama, vou sair. Sentir o barulho, ouvir os tons, e cheirar idéias novas. Dá licença, viu? Vou conferir as presenças escondidas em postes por aí... E não me siga. Não te convidei.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Entre rimas



Hoje, acredito que o choro faça parte, que muitas vezes será alívio de um pesar. E mais: alívio ainda maior em épocas vindouras. A cada lágrima derramada, sorrisos dobrados em momentos seguintes.
Um beijo, para os "sorrisos dobrados" e dois para a "lágrima caída", três para quem aprende com os dois. Quatro para aqueles quer entre risos e lágrimas, subtraem o que for bom, e do improvável faz rima.


"Respeito muito minha lágrimas, mas ainda mais risadas"
                                                                             Caetano Veloso

domingo, 19 de agosto de 2012

No Buzu II

Levante o dedo quem faz uso diário de transporte público e não queira ter um carro. Cansei de perder o horário por conta de atraso, engarrafamento, acidentes e afins. Porém, tem situações que só acontecem no coletivo e destas já estou montando uma coleção. Em textos anteriores, já registrei alguns encontros, conversas bacanas, e coisas do tipo que ocorreram nessa idas e vindas.

No trajeto que percorro diariamente no microonibus, passo em frente a uma penitenciária. Defronte a penitenciária, há um ponto de ônibus, onde o coletivo parou. Ao olhar para à esquerda vi uma criança que aparentava  ter por volta de 10 anos, saindo do prédio acompanhada de uma senhora. A mais velha estava ao telefone, com fisionomia de quem está ansioso ou tenso por algo, quando começou a chorar. Fiquei curiosa. Aquela moça transmitia uma angústia que só. Enquanto ainda estava com o telefona seguro ao ouvindo um moço a tocou por trás. E a reação dela foi a cena mais marcante do dia. Ela virou e o deu um abraço no rapaz, mas a forma como ela se lançou aos braços dele, fazia daquilo tudo tudo tão único. Por que aquele moço estava lá dentro e quanto tempo levou são fatores desconhecidos, mas seja lá qual tenha sido a causa, aquele gesto marcou fortemente o rencontro. A moça a segurava como quem tinha medo de perder, sabe?
Começou a chover, e eles não se importavam. As gotas da chuva escorriam pelo seu rosto com as lágrimas, e eles quase fundiam-se. Abraço de saudade... um dos mais gostosos! E aquele momento me fez refletir em alguns episódios.

Se estivesse de carro, certamente nem notaria se tinha alguém na frente da penitenciária. ainda que engarrafasse, certamente estaria de janelas fechadas, curtindo um som, e me queixando do tempo que não passava. 

sábado, 18 de agosto de 2012

Sonho de Vó


Tenho uma "Vó" dessas que parece tia. Ainda aos 68 anos, se tem coisas neste mundo que a cansa, muitas outras a encanta, e muitas outras mais ela quer aprender, inclusive dirigir e pilotar. Um de seus sonhos era ser dirigir caminhão BR's adentro e até hoje se queixa de não ter conseguido. Engraçado como ela às vezes joga a bola pra mim, perguntando se eu não quero ser caminhoneira. Acho graça.
Isso dela ainda se queixar, me parece uma ponta de esperança. Quando se desiste de algo, não é comum fazer resmungos sobre aquilo, sabe? Fico observando as queixas dela e rimos juntas muitas vezes. Ela indaga: Você acha graça, né? Sem imaginar que a graça toda é que imagino que se oportunidade houver, ela ainda sai numa boléia deixando todo mundo com a "cara na poeira". Isso dela me perguntar de vez em quando, talvez seja uma tentativa, de que ainda que não seja ela no volante, ela vá de carona com a neta. Nunca fez pedido como esse, mas é o que dá na telha. E pela teimosia que é comum a nós duas, não duvido nem um pouco disso ocorrer um dia. Não como caminhoneira, mas como alguém que quer contemplar mais um sorriso daquele rosto atrevido!
Quando ela toca no assunto, me vem à mente quanto desistir dá trabalho! Acho que sei de onde herdei isso... Temos nossas divergências, claro. Mas ela continua sendo um sonho de Vó.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Elas



Marina tranca a faculdade e muda de cidade por amor e planos. Diz que o importante é ser feliz, ao lado de quem ama.

Julieta, após passar por uma e outra decepção, encontrar alguém que não parecia ser o homem dos seus sonhos, mas gostava o bastante para estar com ele no momento.

Cléia nas nuvens, por namor o melhor amigo, e perceber que ele a faz cada dia mais feliz.

Laura retoma o namoro com o ex-namorado. Embora no momento, a paixão que sinta não é por ele, mas gosta o suficiente para tentar.

Jamile? Louca! Amante de um dos caras mais loucos que conhece. Sente-se cada vez mais amando e amada, e se arrisca em projetos longos, na certeza do bom êxito dele. 


O que as quatro primeira têm em comum é conhecer a última. E esta conversava com as demais sobre seus anseios, planos, altos e baixos com seu amante, mas sentia que algo não estava no viés que deveria. Como uma onda no mar, ou melhor, um tsunami, cerca de 02 semanas todas elas tinham algo em comum:


Marina, retornou à sua cidade natal. Afirma que felicidade não tem endereço. Por mágoas do amor, abriu mãos dos planos. Voltou.

Julieta não estava se sentindo bem, se sentia cobrada demais, muito cercada pelo amadinho e simplesmente resolveu que queria respirar. Inspirou.

Cléia percebe que o até então, homem dos seus sonhos, só a vê como amiga. Havia ficado diferente por isso, mas quer muito o bem dela. Porém, como namorada, já não dá. Quer continuar uma amizade.

Laura termina com o cara que é apaixonadíssimo por ela, por saber que não corresponde as expectativas dele, que se doa demais, enquanto ela nem falta dele sente. Talvez porque ele não deixe.

Jamile percebeu que nada é certeza. Quis por uma vírgula para seguir de maneira tranquila, sem exigências, mais realidade que expectativa, e seu barco naufragou... Jogou a âncora no momento certo?


O tsunami passou... 

Marina, diz que apesar dos últimos tumultos, o amor é forte o suficiente para fazê-la tentar mais uma vez, apesar dos riscos. Arruma as malas novamente, e resolve alçar voo. Dessa vez consciente de que se o amor não der certo, os planos "extra-amorísticos" prosseguem.

Julieta de bem com a vida, linda, jovem, voltada para outras atividades e de coração aberto para conhecer novas pessoas. Inspirando cada vez mais.

Cléia não toca mais no assunto. No fundo, magoada. Tenta ignorar a dor, mas não consegue seguir. Quem a conhece, sabe o quanto ela ainda ama o tal amigo. E que talvez ela tenha exagerado na doação de si, e no romantismo em que contava algumas anedotas.

Laura, confusa. Em em meio a tensões nos estudos, crises com alguns amigos e felizes pela conquista de outros, percebe que o ex-ex faz falta, mas não o bastante para voltar. Na verdade, sente falta de uma figura masculina em sua vida, não necessariamente dele. Quer um novo amor!

Jamile, agora concentra-se melhor em sua vida acadêmica, tem criado menos expectativas nas pessoas, e segue acreditando que tudo é possível, inclusive um novo amor, embora agora não procure um novo amante. Segue acreditando que as pessoas não são substituíveis.


Elas seguem suas vidas, cada uma ajeitando como pode. Analisando o que se pode aproveitar dos destroços e do que se livrar por completo.




Enquanto for hoje

Levantar, pra quê?
Prefiro afundada em lençóis recorrer os sonhos
E pior que nem eles têm me visitado
Pesadelos que sejam, mas que seja aqui, parada
Os sonhos se ausentaram e deixam que em pé ou deitada os fatos me façam companhia
Não, realidade!
Vá embora, não quero registrá-la! Não sou jornalista!
Você é cruel, desmedida, dominadora, prescritiva!
Mas ensina
Em dias assim levantar já não faz diferença
Vejo uma parede branca,
E nela começa a surgir desenhos
Em formas várias, coloridos
Tamanhos diversos
Vejo um quadro colorido
Mas volto a deitar-me
Fecho os olhos e tudo se fez vermelho
Os problemas continuam lá fora
Aqui não é lugar de resolvê-los
É lugar de ingnorá-los
Por isso permaneço deitada.
Amanhã? Posso levantar, sim.
Mas enquanto for hoje, aqui permaneço.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

...


E nem adianta tentar fugir...
Você pode negar, disfarçar, tentar ocupar a mente com outros assuntos, ficar com outros, falar palavras irrefletidas num momento de raiva. Mas quando você pára a cabeça no travesseiro, e seu coração se calma, aquela pessoa que um dia fez parte dos seus sonhos e você jurou nunca mais sentir saudade, virá à sua mente.Tem uma hora que a mente a mente cansa de fazer esforço, e o coração se aproveita para mostrar que você é mais frágil do que assume ser. Porém, de tanto tentar fugir, se afastar, e procurar sucedâneos para esse tal sentir, um dia não precisará fazer esforço nenhum, ainda que a mente não esteja cansada, porque o coração também cansa. E por mais teimoso que seja, pode ser que uma dia  ele canser e tudo que outrora fosse sonho, não passe de lembranças.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Tá fazendo o que?



-"Tá fazendo o que?"


Ele volta meia ele lançava essa pergunta quando estavam teclando. Ela respondia na maioria das vezes com alguma piadinha chamando de fiscal, radar ou algo do tipo. Ele insistia em perguntar, e ela insistia em devolver com outras perguntas. Ele foi diminuindo a frequência com que fazia a tal pergunta. E ela cada vez mais falava sobre seu cotidiano, chateações em casa, conversas com desconhecidos no ônibus, anedotas da sobrinha, rendimentos nos estudos... Na verdade, há muito tempo a pergunta não incomodava mais. Ela percebia que era apenas uma forma de cuidar, saber dos interesses dela, como ela distribuía seu tempo... E ela só queria isso, que fosse natural, que não se julgasse necessário muitos por quês porque as palavras ainda não ditas caíam como luvas nas perguntas ainda não feitas.

Depois ele parou de perguntar. Ela até hoje não sabe se ele parou pela conclusão de incomodá-la, ou se não via mais necessidade. Mas ele parou, e ela também não perguntou nada sobre. Deixou para lá. E se hoje não perguntou, hoje não mais perguntaria mesmo.

Outros tempos, outras perguntas, "outras palavras" como diria Caetano Veloso.

Mas as vezes ela ri quando lembra dessas coisas que faziam deles mais eles... dois bestas!


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Argh!

-É sério. E só foi assim com você, só conto tudo a você. E para você não consigo mentir.
-Humhum...
-E nunca foi assim com mais ninguém.
-Sei como é.
-Você é tão compreensiva.
-Rs... Eu tento




-Lembra de conversas como essas?

-Claro que lembro.

-E você muitas vezes me olhava desconfiada, mas eu continuava a falar, por saber que podia confiar em você. E sei que você acreditava em mim. Mas por que respostas tão curtas?

-Não queria interferir em suas anedotas. Às vezes ficava a pensar se seria da sua parte "um barro para ver se colava" ou a plena sinceridade. Mas independente do que fosse, naquele momento você sentia-se tão persuasivo e tudo que precisava era a sensação de ter convencido. E eu fiz minha parte: Lhe propiciei a sensação de que estava sendo convincente.

-Mas por que não fazia perguntas? Que hipocrisia!

-Porque no momento, as respostas não pesariam muito. Prefiro as que vêm com o tempo. Assim como estas poucas que temos agora. Para que insistir, grudar, perguntar de forma são impulsivas e querer resposta que dê uma sensação de segurança imediata? Arte de menina!rs... E menina até sou, mas treino a paciência como dever de casa, ou ao menos tento.

Vem sentar-te comigo, Lídia - Ricardo Reis


Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o o bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.



OBS.: Muitos já leram este poema como sendo de Fernando Pessoa. Vale ressaltar que Pessoa possuía heterônimos(eu-lírico com biografia, história, formação, com personalidades distintas, e em suas obras, assinavam como estes. Ricardo Reis, é um dos heterônimos do Nando. Logo, é muito comum encontrar textos dele, bem como os de Alberto Caeiro ou Álvaro de Campos, assinados com autoria de Fernando Pessoa.
É válido ressaltar também que o poeta português possui obra Ortônima ( Fernando, Ele mesmo), e escreve livremente, sem se prender aos padrões ou pensamentos dos hortônimos. Porém, é um tanto inevitável não ter pontos de contatos, pois a mão que escreve é a mesma.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Cacholates


-Minha tia, eu não gosto de pentear meu cabelo! O creme coça, tira meus cachos, a "xuxa" aperta...
-Mas tem que pentear.
-Minha tia, Jesus penteava o cabelo?
-Claro que penteava, você acha que Jesus pregava bagunçado?
-Acho que não... Mas ele te disse?
-Menina, venha logo prender esse cabelo, que você tem aula agora e já está atrasada.
-Tia, quem inventou o pente, e o creme, e  "xuxa"? Não sei pra quê! Que merda!

Ela conseguiu. Nesse dia foi de "black" pra escola, se sen-tin-do, super bem-humorada, e cá entre nós: Estava linda! Desse dia para cá, volta e meia pede a tia:
-Solta meu cabelo de novo?

A mãe pira para desembaraçar depois, mas se é pela felicidade e bem-estar dela, ela tem muito o que pirar! Via à Chocolate (05 anos) e seus cachinhos!

Tomara!


E faz mal querer sair nua meu Deus?
Tenho pensado muito, numa sociedade que até então idealizei(como outros loucos), onde todos saíam nus. Minha mãe e vó amariam, tenho certeza! 

Essa noite sonhei que estava com Simone, colega da faculdade, em Santo Antônio de Jesus (interior da Bahia), que não conheço ainda, e lá tinha praias como em Itaparica (ilha próxima a Salvador). Sei lá por que cargas d'´água meu biquine caía e eu andava na maior naturalidade, até conseguir ajeitar a parte de baixo. Minha colega ficou meio envergonhada, mas encarou não parecia estranhar muito, não. Ajeitei o biquini e fui para casa tranquilíssima, mas incomodada porque deveria ser natural não ter maldade em relação ao corpo do outro, e eu tive que parar para ajeitar porque as pessoas achariam louca aquela cena. No sonho, eu também sonhava em andar nua por aí, rs. Era pra ter aproveitado, pelo menos no mundo das idéias e ter corrido pelada por aí. Tomara que eu sonhe novamente...

Só de pensar...

Ela ri só de pensar que em outros tempos (não muito distantes) já teria no mínimo enviado um e-mail, declarando saudade, se desculpando pelos danos, ainda que não quisesse vê-lo. Certamente tendo como resposta: "Eu sabia que você escreveria". Mas o engraçado mesmo, é que dessa vez ela lembrou, mas não teve vontade de escrever. Achou estranho, mas também não lutou contra isso. Quando lhes perguntam por ele, fala de algumas qualidades, nada muito exagerado. Não acha justo, por desacertos, fazer comentários depreciativos a respeito dele. Afinal, de pessoas assim, se guarda o que é bom e o resto, é resto.
Ri. Só de pensar nele, ri. Lamenta por imaginar que ao lembrar dela, ele não ria da mesma forma. Mas que fazer agora? Rir é o que ela pode fazer, e isso ela tem feito muito. E quanto mais saudade sente, mas ri. E assim tem passado os dias. Muitos não entendem seu riso, mas  cada dia ela o tem exposto seu sorriso cada vez mais.
Ela está em Paz. Muita paz, e se pudesse transferia essa Paz para ele, e sente muito por ele se afastar do que poderia fazê-lo em Paz também... E ela não fala de momentos tranquilos, fala de Paz.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Adolescer...



Maturidade? Muito relativa. E volta e meia percebo pessoas de 20 com atitudes e mimos de 2, quando, em contrapartida, pessoas mais novas com maneiras de ver muito além do que se espera da maioria. Não vejo como se estes fossem vanguardistas, a maioria é que se permite um retardamento e de quebra, quer que os demais aceitem como fase. Quem nasce grande é camelo. Se demoramos a crescer, que ao menos aprendamos com isso (chega s ser clichê de tão lógico!) Muitos em sua adolescência já assumiam grandes responsabilidades (o que deveria ser mais comum), e tinham uma vida além internet e shows. Porém, por ser incomum dentre a maioria dos mancebos de hoje, uma notinha é válida para os conscientes e responsáveis pelos seus atos desde cedo.


Ao perguntar a uma figura, sobre certo “problema” que ela identificou como tal, decidiu mudar e se sentiu à vontade para conversar uns meses atrás, hoje, teceu o seguinte comentário: 

-“Não gosto quando dizem: “Isso é coisa de adolescente”. Parece até que hoje sou uma pessoa, e amanhã serei outra, e não é assim. Nada de “É uma fase, vai passar... Não gosto mesmo!”. Se sei que não está certo hoje, paro hoje, ou pelo menos tento, né? Se mudança vem com o tempo, começo a mudar hoje, quando a fase passar, já tô no ponto (risos). Não sou maluca, e sei muito bem enxergar o que é para ser e o que não é, né não? Nada de jogar a culpa na adolescência. Isso é idiotice!” 

Eduarda Radmila, 14 anos. 


Após o texto pronto:
-Duda, posso colocar seu nome na internet? 
-Pode, dependendo do que seja. 
-Com algo que você falou? 
-Deixa eu ver... Ai meu Deus! Ela escreveu... (Rs). Ainda bem que foi isso.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Como elas...


Ai, que bom estar com elas!
O imprevisto resultou num reencontro tão gostoso. Laurinha talvez fosse um sinal de que a terça seria recheada daquelas "tchuptchuras".
Afagos, beijinhos, conversas.
Fiquei ali, ou melhor, eu com certeza não estava com os pés ali. Quanta habilidade em negociar, chantagear, convencer, perceber...
A cada dia mais fascinada por crianças, seus gestos e modo de lidar com as coisas...
Quando crescer, quero ser como elas.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Potes

E era pra contar as lagrimas derramadas, ou números de pedras lançadas? Pelas lágrimas não; aprendi a chorar. Mas se pudesse, recolheria cada pedrinha, por mínima que fosse, e as guardaria em um pote. Ao olhar para ele, reconheceria que fiz julgamentos falhos, sem estar no direito. Representaria minha coleção de equívocos. Hoje, quando tiro o pó dos joelhos ralados, percebo que tropecei nas pedras que atirei. Meu medo, é que outros, que nada tiveram com minha estupidez, caiam por elas. Quanto ao meu caminhar, agora mais preciso, mais atento, evitando tombar nessa pedras tão variadas em tamanho e consistência. As não lançadas, tenho resguardado. Essas sim, tenho posto num potinho aqui na estante, para lembrar do direito de não lançá-las.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Chamadas



Gosto de receber ligações só porque é quinta-feira. Quando me ligam só para saber como eu estou, mesmo que rapidinho. Das ligações de mais de duas horas de duração marcadas por tensões, franquezas e terminam com "Te amo mesmo assim"(já cheguei a cinco e encerrei sem querer!). Das que só ouvir bastam, porque um amigo não conseguiu dormir.
Viciada em telefone? Viciada em gente, em pessoas! E se falo, é porque ao outro lado da linha tem alguém se compartilhando. O telefone é só mais um meio para isso.

-Pode sentar




Saber acomodar-se nestas cadeiras é raro. Por vezes, parecerá desconfortável, e cabe ao "sentante" encontrar a melhor forma de ajustar-se. O complicado é sentar nelas, criando expectativas de sentir o conforto duma poltrona.
Sábio o que sabe recostar-se nelas...

Criançar


Saudade do cheiro das crianças...
Em abraço, beijo, cheiro, cafuné, dengo... São únicas; singelas como a adultalidade não nos permite mais. Nelas reencontro-me.
Ontem, num momento inesperado, Laurinha me deu o que eu precisava: um abraço.
Aquele carregado de saudade apressada, por trás, que nem espera você se virar, acompanhado da pronúncia do meu nome, naquela voz gostosa, que nem imagina o quanto te faz bem. E eu, nem imaginava que era o que eu precisava, mas quando senti, percebi. Ela conversava, olhando bem nos meus olhos, perguntando coisas sobre mim, e eu encantada por Laurinha, respondia empolgadíssima. Vontade de levá-la pra casa e colocá-la para dormir em meu colo. Só quem já fez sabe, a paz que toma o lugar quando se tem o privilégio de dormir com uma criança sobre seu peito, ouvindo aquela transpiração tranquila, sem culpa, sem medo. E ontem, senti uma saudade mais intensa disso: Ter crianças por perto; ter uma criança dormindo em meu peito...
Um dia, talvez, quem sabe? Como cantarei Charlie Brown Jr "um sonho realizado, uma criança com seu olhar".
Isso sim, traz Paz. E não me refiro a momentos de tranquilidade, falo de Paz, poucos a conhecem...
Criançar produz Paz...

Postagens

-Mas por que lê os textos dela?
-Sei lá...
-Você gosta do que lê? Te  faz bem?
-Nem bem nem mal.
-Nem eu os leio mais. Cansei! Assim evito certos pensamentos. Ela é muito confusa.
-Ela é louca! Mas é no texto da louca que te percebo nas entrelinhas. Ela escreve sobre vocês, o que vivem, quando param de se falar, coisas que você talvez não diga para não me magoar. E ela, por ser louca por você e sentir tão intensamente o "nós" do vocês, escreve. Eu não a leio, leio você! Ela é só uma caneta que escreve você pra mim. Por isso sei de todos os textos... Só mais uma forma de perceber você: no sentir alheio.
-Então vai parar agora que estou mais próximo de você?
-Um dia eu páro. Ela ainda não parou de escrever sobre você. Um dia ela pára, aí eu também...
-Acho que não demora... Ela diz não sentir ciúme de você, sabia?
-Hum...
-Acho graça. Pra mim ela sente sim. É louca e insegura. Mas diz que não tem motivos para isso, que entende você não gostar dela, e você não desmerece o respeito dela por isso. Acha que você tem um ciúme descabido, desnecessário também, mas não desgosta de você por isso... Aprecia o cuidado que tem com os seus. Cara dura a dela!
-Sua "amiga", né? Hum.. Temos mesmo que falar sobre ela? 
-Não. Temos assuntos mais importantes a tratar. Ela foi uma página, tá passando. Não me amou de verdade,e agora só me importa o real. Estar aqui contigo é muito bom. Não quero falar sobre ela, me fala de você... Te amo, sabia?

domingo, 29 de julho de 2012

Quantos pintos você matou?


-Quantos pintos já matou?
-Tá de graça, né? Eu lá tenho ganja?
-Olha lá que tem. Todos temos uma granja ao dispor.
-Lá vem você com essa maluquices. Qual foi agora?
-Nada não... só reflexões bobas após ter lido um conto aí... Mas deixa pra lá.
-Tá doida pra falar né?
-Ah, se você quiser ouvir...
-Cara dura! Tá louca para contar, diz logo.
-Foi a Legião estrangeira, de Clarice Lispector. Achei longo, detalhista demais, confesso. Embora eu também seja prolixa. Mas parei em Ofélia, uma menina de 8 anos.
-Que tinha ela?
-Segundo a narradora, Ofélia era bem desenvolvida para a idade dela. Aconselhava como adulta no quesito compras, cuidados de casa, vaidade feminina, precisava ver a bruxinha!
-E o pinto, entra onde aí?
-Ofélia matou. Por inveja. Ela percebeu que a escritora(narradora) apreciava o pintinho que havia comprado para seu filho. Foi na cozinha onde estava  o pintinho, depois simplesmente despediu-se  foi embora. Quando a  escritora percebeu, o pinto já havia virado presunto.
-Nossa! E isso te deixa pensativa assim?
-Quantas vezes fui fria demais? Quantas vezes esbocei uma intelectualidade vazia, esboçando merdinhas? Quantas vezes estraguei o que não era meu por não poder ter para mim? Quantas vezes calculista? Achei detestável, mas quantas de nós, sem perceber, alimentam Ofélia dentro de si?
-Deus é mais! Em mim mesmo não. E nem me pergunto.
-Te entendo... é bom evitar pensamentos inquietantes, não?
-Sempre!
-Agora cuidado, hein?
-Com o quê?
-Para não pisar nos pintinhos que estiverem em seu caminho. Não são muito grandes, então fica difícil percebê-los. E sabe o pior?
-Hum...
-Quando fechamos os olhos a certos questionamentos, Ofélia vai crescendo sem freios. Sem perceber, ignoramos granjas.

"Incabida"




E volta e meia a sensação de "incabida" nesse espaço aflora. A sensação da estranheza entre os meus, dos pensares não compartilhados, tão díspares, tão inusitados.
Deslocada... Essa é a palavra. Deslocada por crer que a vida é feita pra viver devagarinho, embora esse mundo viva em pressa.
Hoje, percebo que por mais bem intencionado que seja, é injusto querer que imediatistas se adequem ao meu modo alucinado e vagaroso de viver e ver as coisas. Não é um direito pedir para alguém dançar tão devagar para me acompanhar, assim como não me vejo obrigada a cair numa frenética balada eletrônica quando estou embalada por um soneto de Vinicius... Cada um no seu ritmo.
Isso de ter que ser tudo agora, como se o amanhã não existisse, impulsiona as pessoas a acelerarem tudo que pode, e isso soa tão catalisador que suga a beleza do "agora natural".
Retrô? Possivelmente. Assumidamente dessas caretas que vêem beleza na arte de saber esperar e vê a paciência como virtude.
A vida é casulo. É flor a desabrochar...
Enquanto isso vou seguindo descabida, deslocada, nesse mundo apressadinho...
Oh, Ocidentalidade que me irrita(e contraria)!

EntreAberta



Num cochilo, sentiu o vento frio por trás, que não era tão forte, mas estava tão bamba, que inclinou para frente e caiu. Despertou! Assustou-se! Quando olhou para trás viu uma parede. Calmamente assustada seu olhar inclinava para cima a fim de conferir onde terminaria o muro de onde acabara de cair. Desajeitada levantou-se, bateu as mãos uma na outra, sacudiu o vestido alvinegro que vestia enquanto olhara ao redor, em busca de uma forma imediata de escapar dali: do quintal desconhecido.

Tentou sem muito êxito escalar o muro; suspendeu os ombros e pensou: “Vou sair pela porta da frente.” A questão era: Como chegar até lá?Se perpassar pela casa seria impossível. Bater na porta? Sentiu medo e vergonha. Não iria bater. Também, nem precisou. A porta estava entreaberta. Astuciou: “Ora! Se a porta a essa madrugada está aberta e for por descuido, possa ser que os donos da casa estejam dormindo e eu possa silenciosamente chegar à porta da frente e seguir meu rumo. Empurrou a porta devagarzinho (aquele som da porta parecia um agudo de violino infindável pelo silencio do ambiente). “Olha! É uma cozinha!” Gostou do ambiente rústico, pelo jogo amadeirado com objetos verdes. Tirou as sapatilhas(agora as trazia em mãos), e entrou na ponta dos pés, mas na tentativa de acelerar sua fuga, adiantou os passos e tropeçou em um tapete daquele território até então, desconhecido. Foi ao chão, que baque! Naqueles segundos, com o rosto próximo ao chão, quis correr mais do que nunca porque agora certamente alguém acordaria com aquele barulho. Mal fechou a “boca do pensamento” e erguia a cabeça, quando sua visão alcançou adiante dois pés; mais acima canelas, subindo mais um pouco uma toalha em tom claro; mais acima pele, uma barriga masculina; acelerou o movimento, e enfim, o rosto dele. E sua voz? “Quer levantar, por favor? Quem é você?”

Ela, estabanada como sempre, sem saber ao certo o motivo daquele encontro, nem por que estava ali, ouvia essa pergunta como uma expressão logarítmica a decifrar e desnorteada levantou rapidamente, segurando a mão estendida do moço e não deu uma palavra sequer.

Ele assustado, indagava consigo: “Meus Deus, que louca! Quem é ela? Sente medo, mas o meu medo por encontrar um estranho no chão da minha cozinha, numa hora inesperada, não deveria ser maior? ”E expressou:” Ei! Me diz: Que faz aqui?”

Ela correu de forma tão desesperada, que tombou no balcão e derrubou pratos e vasilhas que ali estavam, escorregou por pisar em plásticos, por pouco não se furou com o garfo que estava na pia; e ele, em frente ao balcão, continuava sem entender aquela figura pitoresca e inédita que se debatia em sua cozinha, interrompendo se sagrado sono, sabe-se lá por que diabos!

A essa altura já estava invocado; pulou por cima do balcão para encostá-la na parede e tirar dela a causa daquela parafernália que tornava sua noite inusitada. Ela engatinhou por baixo da mesa, já saiu no corredor, e se bateu numa porta à esquerda. Entrou! Bateu a porta e respirava aceleradamente ofegante. Assim que a moça mergulhou por baixo da cama, ele empurrou com muita força a porta, dirigiu-se ao guarda-roupa e com uma velocidade desordenada puxava as peças de roupa, cama, banho e lançava ao chão, à procura daquela garota que no parecer era, até então, no mínimo louca. “Velho, cadê ela? Será que é uma bruxa?”

Ela ofegava em seu esconderijo, e ele diante do guarda-roupa. Ela novamente avistou os pés, e temia o dono da casa olhasse debaixo da cama, quando se esticava lentamente para o canto da parede e o mais temível aconteceu: Ele baixou a cabeça: “Ei louca, bruxa, ou quem quer que seja! Não precisa medo, pula já daí!” A louca esticou-se pela lateral e embolada entre tantos panos, chegou à porta, desembestou pelo já conhecido corredor que agora deu numa sala, com ornamentação típica “fim de jogo” de homem solteiro. Achou graça (se morasse sozinha não duvida que aquele cenário pudesse representar sua sala numa noite ou outra). Pulou no sofá, tropeçou no banco, mas equilibrou-se. Avistou um copo com Whisky, sentiu vontade de tomar, mas o momento era de fuga! Avistou a porta, e correu em sua direção como quem enfim encontrou o símbolo da liberdade que tanto almejava; pegou na maçaneta já em tom de alívio e girou rapidamente quando esta travou- Que droga!- Não sei qual a sensação pior: perceber que a porta estava trancada, a mão fria em seu ombro, ou a voz: “Ei! Que bagunça é essa? Por que agora, pelos fundos da minha casa? Quem é você?”

Olhos arregalados, boca seca, mãos geladas, coração acelerado e voz sufocada:

-Eu, eu... Não sei! Não sei como vir parar no seu muro, não sei que atraso me traz aqui. Despenquei pela porta do fundo, mas quero sair pela porta da frente. Só isso. Abre pra mim?

-Mas assim, a essa hora? Melhor ficar, fica! Olha... Não tem mais ninguém aqui. Faz pouco tempo que estou sozinho, mas fica. Conversa comigo, me fala sobre você...

Aquela instabilidade, tom de incerteza, olhar desconfiado o atraía. E até mesmo a idéia de sair sem rumo lhe era atraente. Queria saber algo sobre aquela criatura.

Ela caminhou até o sofá, sentou-se, trazendo seguro pelas mãos e externou: Olha, sem confetes, nem eu sei ao certo. Sou instável e costumo desconcertar onde me cabe. Olha seu espaço, veja como já baguncei em tão pouco tempo. E se eu tentar ajudar, me baterei em outras coisas e as derrubarei também. Vou a essa hora sim, não quero bagunças mais. Mas quero sair de uma forma digna: pela porta da frente.

Enquanto falava, hipnotizada pelo olhar daquele moço, percebia que algo encantador a prendia ali, e naquele momento, embora se explicasse e pedisse para sair, seu coração repousara. Sentia paz. Até que um bip soou de seu bolso e junto com a quebra daquele silêncio o despertar do encanto. Ela abruptamente desviou o olhar, passou a ajeitar-se e mais decididamente quis sair.

-Tem certeza?

-Não me pergunte; tenho que ir. Me faz um favor?

-Que é? (Que doida! Um pedido? Que será mais que ela quer?)

-Fecha a porta, por favor? Quando eu sair, tranca. E desculpa aí por deixar essa bagunça toda pra você arrumar. Quando eu descobrir quem sou, você terá notícias; mas grito aqui da sua varanda, não precisa abrir. Mas para eu não sucumbir à vontade de voltar, preciso da certeza de que sua porta estará trancada.

Ele, contra sua vontade, sem entender aquele episódio, pegou a chave na estante, vagarosamente caminhou até a porta, encaixou a chave na maçaneta e girou lentamente. Ela fitou aquele rosto desentendido, beijou-o, baixou os olhos e saiu. Desceu aos pulos os poucos degraus e saiu caminhando pela rua. Ele deixou a porta entreaberta, e por aquela brecha, observava cá, distante, o caminhar incerto da moça.

Ela seguia sorrindo do que percebeu: seu vestido preto e branco tinha fortes manchas cor de rosa. Certamente do molho italiano que estava na cozinha ou da tinta fresca na qual se esbarrou na parede do. Passou a mão no pescoço e deu por falta da gargantilha de estimação, viu também que estava descalça, mas isso não mais incomodara.

Ele, ao andar pela casa, encontrara uma gargantilha com pingente de coração em seu quarto; no corredor manchas rosa na parede; as paredes em três cores, do quarto, também manchadas, e sapatilhas em sua cozinha: - Que bagunça! Foi tão rápido, mas não deixou parte alguma intacta!

E lá longe ela pensava: Que curiosidade! Que será que tinha no banheiro? Olhou para trás e percebeu a porta entreaberta, mas já causara desordem demais. Não voltaria, mas que ficou curiosa ficou...

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Rabiscos do alheio

Era fácil perceber as sensações dela...
Os textos estavam lá, a marcar as alegrias, agruras, frustrações, saudades
E havia quem lá longe, ainda sem maiores contatos, traçasse um quadro psicológico e a companhasse à distância seus momentos, se identificando com alguns, se incomodando com outros; até que um dia parou de incomodar...

Ela mudou. Os temas também.
Deu férias a si. Resolveu rabiscar o alheio.

"Seja ele qual for"


Votos:
"Felicidades! Vocês serão felizes juntos! Parece que nasceram um para o outro!"
"Aquele de entrevista é fácil, pow! Imposssível você não passar. Todo mundo passa!"
"Essa prova é sua! Vai passar no vestibular esse ano, tenho certeza!"


E quando o término é iminente?
Se há uma seleção alguém é reprovado. E quando o alguém é você?
Onde existe aprovação, reprovação está na estatística.





O incerto é uma possibilidade. E talvez esse fechar os olhos ou otimismo exacerbado seja o que mais faça aumentar a dor, e o não saber lidar com o contrário, quando o inesperado vem. O "não" não deixa de ser possibilidade por ser ignorado, e o pior: tampouco anulado.

E quando não ocorrer como acreditou que seria, não esqueça que a vida continua, nem desista de você. Isso não vale!

Otimismo cai bem como cobertura quando a massa é à base de realidade. Dar um tempo e retomar os planos é essencial, é o que nos aprimora, e faz a massa ficar mais consistente.

Quando fiz Vestibular, uma frase marcante foi: boa prova. E volte para me contar o resultado, seja ele qual for. E voltei... Naquela prova não tinha passado, mas voltei para agradecer pelo ingrediente na massa. Aos que caramelizam, agradeci pela doçura; mas não esqueço de acreditar que o pós e contra também nos faz crescer, seja ele qual for.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Princípio e Fim


Essa deu muito no que pensar... (By Facebook)

“-É serio... O fim das coisas são melhores que o principio delas... Tipo... No fim você vai descobrir que essa só foi uma parte triste que você teve que passar p construir sua história... Só foi um tijolinho sacou?"
Rodrigo Heaven


Ainda me chama de Pró uma pessoa dessa. 
Obrigada, meu Prof! Aqui que ensina é você...

Amaria sonhos coloridos



E tudo vira pirraça... As canções, as postagens, as perguntas dos amigos, as idéias, as lembranças de planos, tudo vira alusão...

"Sonha em cores quando quer esquecer ou lembrar de alguém. Esse segredo não é qualquer, ele guarda outros também..."                                  
Maglore

"Preto e branco é todo o universo de habitação..."
Maglore

"Quando seu mundo ficar preto e branco mais uma vez me procura ... Pinto ele de Rosinha mais uma vez "
Um quase africano pincelado de Orientalidade


Amaria Sonhos coloridos

Percebidos


-Pára de falar como se já estivesse nos acréscimos do 2° tempo. Implicitamente, tem uma mania de querer as coisas bem definidas logo. Sei que parece palavras de quem não te conhece(e não conheço mesmo), mas em alguns detalhes te percebo(embora não seja tão transparente), e o apito não está em suas mãos, nem na minha. Estamos em campo. Quando o apito tocar, ouviremos e entenderemos. Não somos nós que cronometramos a partida...

-Odeio quando as pessoas acham que me conhecem...

-Ah... E desculpa por ter começado de uma forma tão imperativa, sei que detesta ordens expressas assim... Desculpa por te perceber também, e um pedido: Se mostra menos. É... Porque a tendência é fazer que você sinta ódio(estranho) cada vez mais, e isso só tem aumentado tudo isso aqui dentro. Poxa... Já havia me esquecido!

-Que é?

-A palavra odeio não combina com sua boca, nem suas motivações, chega a soar estranho, mas combina perfeitamente com sua autoproteção, e seu olhar irritado. Percebi aí... foi mal!







segunda-feira, 23 de julho de 2012


Suas palavras eram doces, mas ações cruéis. E ele, diante dela, ora menina, ora mulher, sentia-se cada vez mais menino. Um menino abobado, querendo acreditar que ela não fazia por mal... Eram desacertos.

Assim dói menos.... Pelo menos por hora.

GaMe OvEr


Quando ocorre o "Game Over", você tem chance de iniciar outra partida, com mais vidas, renova as chances de zerar(nunca gostei desse termo no jogo), fazer o ciclo completo...
Ás vezes a frustração lhe tira o "Reset" imediato. Relaxa, mas relaxa e volta. Talvez em outro momento, um outro jogo seja o melhor.

"Vivendo e aprendendo a jogar. Na sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar" Elis Regina

Vontade de tomar sopa...
Mas sopa de ninho de Andorinha, lá na Tailândia, após conhecer a Feira do Trem...

#akilomeatraifortemente


"Mesmo sendo errados os amantes, os amores serão bons..."
Chico


Amante? Eu? Sempre! Essa é uma das poucas certezas que eu poderia ter... No mais, vou me batendo nos postes incertos por ai...

Fugindo de algumas outras certezas... Vá por mim: Nem todas fazem bem...

Domínio Público



-E sabe o pior? Tem devaneios meus que só você sabe...

-Você é louca! Conta por que quer...

-Se eu morrer, você conta... Não precisa contar após 70 anos de morte não, viu?

-70 anos. Por que 70?

-Sim... Após 70 anos de morte do autor, a obra não vira domínio público?

-Você é besta!

-Já que você não sabe esperar, pode ser de imediato mesmo como quase tudo que você faz... Divulga minhas loucuras, e o que eu tiver acumulado em prol dos meus devaneios, entrega a MULHER mais sonhadora que você conhecer...

-Rs... Por que mulher?

-Porque gosto de ser mulher até à morte! É pela classe mesmo sabe?

-Louca!

-Mas enquanto eu não morrer, se feche, viu? Boca de siri!

sábado, 21 de julho de 2012



Os braços se alongam, mas pesam. Os olhos se erguem mas fecham. As pernas entrelaçadas, anseiam correr. E a mente insiste em dencansar, não querer pensar em nada e exigir um tempo seu...

A serenidade se faz tão presente que chega a ser estranho, mas é um ingrediente essencial, e como poucos respeita o momento de cada um.

sexta-feira, 20 de julho de 2012


Ai que vontade de tomar sorvete!
Mas só serve sabor Liberdade, com cobertura de Bem Querer e se só tem granulado "Faz de conta", prefiro que seja sem confetes!
Que em minha boca derreta, perca a forma, e declive em minha garganta em ondas de prazer...
Salivo faz tempo...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

E o coração que padeça!



Decepcionada? Sim. Se amo menos? Não. Só penso que "Eu te amo" deve ocorrer de forma espontânea e sua graça em dizê-lo todos os dias é quando vem espontaneamente. Amava ouvir "eu te amo" diariamente porque não foi um combinado, mas um percebido. Doeu esse dias, foi estranho, confesso e sua indiferença é o caos. Mas numa boua... Se fosse para sair rasgando a garganta, prefiro nem ouvir nem dizer.

Saúde às cordas vocais, e o coração que padeça!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Dizprela que eugosdela



Ela nem me dabola
Num enxerga meu esforço
De fazer o melhor prela
Pra vê se dô algum gosto

Se por si não apercebe
Essa gostência singela
Me faz um favor, Dona Lua
Dizprela que eu gosdela



O título foi um presente do gracioso Israel Anunciação. 
Compõe umas músicas bem legais e tá perdendo tempo em não blogar também, já cutuquei! 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

De esperar-te.




As estrelas são testemunhas de que acreditei que teria sua atenção
A espera do seu “Já vou” foi tanta
Que as palavras me foram companhia, me embriagaram.
Devaneei, produzi, lamentei. Esperei, esperei, esperei...
Cansei! Cochilei... Papel no colo, caneta em mãos, ânsia no coração menos você na minha presença.
Problema? Não. Sofá me fez companhia...
Raiva? Não, não. Só uma dose a mais de decepção...
Já to ficando embriagada...

Virgulas in Persona




Toda Persona precisa de vírgulas.
Vírgulas para quando necessário for, refletir em pausas.
E onde encaixar tais Vírgulas?
Calma, Persona... Tenha paciência e sabedoria.
A vírgula em excesso é tão “desgraçante” quanto sua falta.
Que a Persona seja levemente vircular...

Por que foges?



Queria te entender, sabia? Ter noção do que permeia seus pensamentos, o que tem norteado suas últimas ações. A sensação de te desconhecer ta acabando comigo... Muito. Quando digo que quero conversar, sente sono cedo, contrariando a insônia que diz sentir, não em tem olhado nos olhos, me achou estranha e falou a “segundos, terceiros e quartos”. E quer saber? Detesto essa sensação de fuga. Me faz alimentar a impressão de perceber fagulhas de inverdades. E numa boa... Prefiro acreditar que seja um devaneio meu, a levar fé numa mentira sua para mim, bem sabes!

Salve o Respeito!



Amo o respeito... Aos momentos de reflexão, às lágrimas, à TPM, aos devaneios, aos loucos por amar, à verdade, aos sentimentos, à opiniões diversas.
Respeitar é essência, e os que sabem aplicá-lo me são muito especiais.

“Habitar-me”




“Me” saiu sem bússola por aí
Ouviu os contos do “Será”e ficou encantado com aquele mundo de possibilidades.
Apaixonou-se por sonhar com o que poderia ser
Mas percebeu o quanto isso poderia custar a si, aos seus, ao "seu".
“Me” sentiu dor, peso, maldade em si, 
Quis habitar-se novamente
Mas parece que ali já não há espaço
Precisa de um si maior, para cabê-lo
Por hora, parece não caber em si...