terça-feira, 20 de dezembro de 2011

E foi assim...




-Sim, mas passou por coisas muito boas aqui.

- Oxe, não nego. Ameei muitas coisas que aconteceram, mas elas não me impedem de ver outras que me fazem tomar um novo rumo, só isso.

-Que indiferença!

-Indiferença?

-É, indiferença sim. Ninguém de despede assim.

-Depende de quanto tempo se preparou para isso. Idéias formadas e bem alicerçadas tendem a aproximar-se ao lado racional da coisa.

- Calculista, não acha?

-Algo de ruim nisso? E no seu lugar passaria a calcular algumas coisas também.

-Sabe... Queria ser assim.

-Assim, como?

-Assim de resolver questões como essa com um simples diálogo, com essa cara dura... rs!

-É uma questão de prática. Já pensou em começar? rs...

-Falta coragem.

-Um dia ela chega(a coragem), mas se puder chamá-la é bom.

-Mas me soa frio, muito frio.

-Me deixa tentar te explicar uma coisinha? Não precisa encará-la como verdade, mas por hora tem dado certo comigo.

-Rs... não se deveria, mas tudo bem, pode falar.

-Escuta se quiser!

-"..."

-Você quer escutar, rs.

-Quero! :/

-Para dizer que um relacionamento não está bem, não é preciso esperar por uma briga; uma pessoa sente quando é amada, ainda que não aja uma declaração desse amor; você não precisa permanecer um um lugar incomodado quando tem o mundo inteiro para ir; para que uma despedida seja válida não é preciso chorar. com ou sem lágrimas, despedida é despedida. Não digo que você não deva chorar, só não espere que eu chore porque você está chorando. Muitas lágrimas foram derramadas e elas precisam de respeito, rs!

-Entendo, mas... Ah...

-Você não precisa me responder nada. Afinal, essa são verdades para mim e para mais alguns loucos que conheço. Relativas? Talvez, rs! Fica bem!

-Você também!







sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Lacunas



Ainda bem que não conseguimos prender o que nos faz bem.
Já pensou se conseguisse esse feitio? Não sentiríamos saudade! Deus é mais!
A saudade nos permite perceber que assumindo ou não, pessoas, lugares, aromas, sabores fazem falta, sabe? Sinto saudade de olhares, gestos, músicas, discussões, acredite(se quiser)! E quando sinto essa falta, enxergo uma lacuna a ser preenchida não sei exatamente pelo que, mas alimenta uma insaciedade que me satisfaz, por incitar uma busca (que me parece interminável às vezes) de essências em tudo que vejo.
Quando sinto essa tal saudade, fico a perguntar : Por que, meu Deus, tendemos a encarar de forma depreciativa o que nos permite reconhecer nossa fragilidade, essa tal essência que nos faz mais humanos? São em momentos como esse que começo mais um "arranca-rabo" com Seu Plat's (há quem chame de Platão):     

- Venha cá meu Senhor, que história é essa de que a poesia nos torna vil? Sim... E daí que ficamos na "espinha-mole" quando nos identificamos com o que lemos, ou sensibilizados a ponto de dizer coisas como "Te amarei pro resto da minha vida", "Nada na vida me lembra o amor, como você", "Senti saudade mesmo, e por isso liguei", "Esquece meu orgulho, vem cá e me dá um abraço. É disso que eu preciso", "Sei que vai fazer falta, e já estou com saudade"? O que te fez pensar que isso degrada minha figura qual ser, mocinho? Nunca sentiu isso, ou sentiu a  tal ponto de sentir medo do que você realmente era, ou medo de tamanha força dessas sensações te dominarem? Não consigo te entender, cara! Se você me ligasse hoje, poria um OVO, ia dispirocar diante tanta nostalgia, né? Mas quer saber? Por mim você botava quantas dúzias quisesse. Talvez isso te fizesse bem... rs. 

E é isso...
Hoje senti saudade de dançar na chuva, choveu e eu não fui recebê-la.
Senti saudade de uma pessoa querida, liguei mas não a disse que estava com saudade.
Senti a sensação de que deveria despedir-me, olhar mais profundamente nos olhos de cada um, mas agi normalmente como numa segunda-feira.
Aí não tem jeito. Tenho que voltar para ele e reconhecer: 

-É Seu, Plat's... Ás vezes me enxergo em você, te enxergo em mim e embora concorde não com seu discurso, algumas ações me remetem a seu pensar. Tem como me ligar hoje?









 


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um pensamento, um desejo, um pedido e "só"



penso que não deva me exasperar... o exaspero me soa como pirraça, e eu a odeio. Mas confesso que chego a surpreender-me como sei fazer tão bem algo que odeio tanto, e no seu lugar não pagaria para ver.

aguardo o tempo de se tocar e perceber que há tempos não faço questão de te agradar, e que o contrário do que deseja para mim é excitante.


desejo que não tente sufocar minha voz, pois tenho medo do meu grito te ensurdecer quando o ar implodir minha boca.

almejo que caia na real e perceba que seu falso moralismo não abala as colunas do meu pensar, e ENXERGUE que o que me guia são princípios e não seu latim.
Não me subestime!  
Não me subestime!
E agora, um último apelo: Não me subestime!




Acredito que será melhor para todos...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


A ciência é grosseira, a vida é sutil,
e é para corrigir essa distância que a
literatura nos importa.
Roland Barthes



Mais nada a declarar...

"Complicaços"

Faltou energia quando ambos estavam na sala, e um deles quebra o silêncio:

Pai: Não é fácil entender, filha.

Filha: O quê?
Pai: Você.
Filha: Por que?
Pai: É complicada.


Ela acende a lanterna em direção à TV e fazendo do dedo pincel contorna um retângulo na vertical, com um triângulo em cima e a lado dois retângulos um acima do outro.


Filha: Que o senhor vê, pai?
Pai: Uma casa?
Filha: Tá perguntando ou respondendo?

Pai: Uma casa!

Ela agora pincela em sua tela iluminada pela lanterna um retângulo como base e um traço na vertical sustentando um triângulo na extremidade.

                                                       


Filha: E agora, o que vê?
Pai: Parece um barco.
Filha: Fácil né?
Pai: Claro!
Filha: Pois é. Figuras básicas todos conhecem. Desenhos assim são fáceis de interpretar, mas para compreender uma pintura de Monet, Canidé, Picasso ou Tarsila talvez fosse necessário pousar o olhar sobre a pintura  com um pouco mais de dedicação para compreendê-lo.
Pai: Sim... E daíi?
Filha: E daí que um dia fui tão óbvia quanto os traços da casa e do barco, mas hoje talvez seja uma tela de Monet: nem todos compreendem, mas há quem aprecie ainda assim. Não é complicado, só não é tão simples quanto a casa e o barco. Só isso...

A lanterna foi desligada.
O silêncio tomou conta do ambiente novamente.

Ambos riram. Por motivos distintos talvez, mas ambos riram...

sábado, 3 de dezembro de 2011

"Em coração de homem não se passeia"


 
“Em coração de homem não se passeia”. Dizia Cristina com olhar de quem tem mais a revelar. E eu que já perdi as contas de quantas vezes ouvi, ficava a pensar: “Que será, meu Deus, que Cris sabe e eu não sei?”; e a observava naquele vai-e-vem de pano de chão, rodo e alta filosofia. Enquanto tentava atingir sua meta diária, sempre externava suas insatisfações. Ainda que eu não tivesse muito a acrescentar, balançava a cabeça em “sinal de sim”, ou participava com um “hum hum”. Ora achava graça;  ora, sorria; as vezes em meio a falação me dava as costas. Não entendia muito bem o último gesto, mas isso não me fazia gostar menos dela.
Hoje, há aproximadamente um ano, não convivo mais com Cris, mas volta  e meia algo me faz lembrar de sua frase...
Percebo que decepções fazem com que  deixemos de apreciar quem tínhamos em alta estima por anos; que poucos são os que merecem o privilégio de ser chamados amigos e somos imprevisíveis demais para comprometer nossas atitudes vindouras com promessas. À medida que acompanho o caminhar da boiada, lá dentro ecoa uma voz dizendo:  “Isso não é novidade pra ninguém, moça. Em coração de homem não se passeia”.
Quantas vezes insistimos em passear em corações perpassando entre dúvidas, esperanças e enganos? Em algumas nos perdemos, mas em outras não. E quem pode prever onde essas ruas nos levarão?
Criamos expectativas, mas faz-se necessário ter em mente que nada é plenamente conhecido. Conhecer? Nem cada um a si mesmo. Você pode reconhecer-se em alguns pontos, mas surpreender-se com algumas atitudes suas. E quando me pergunto sobre tudo isso, prefiro concordadr com Cris: “Em coração de homem não se passeia”. Nem no próprio.

Só isso...



É que infelizmente certas palavras que deveriam ser de admoestação caíram como pedradas e elas doíam muito. A força com que eram arremessadas aumentava a intensidade da dor e me deixou assim, estática, paradinha, tentando entender certas atitudes alheias e minhas talvez. O que dói é perceber que me permiti ser cativa de idéias equivocadas e aceitei o julgamento como coerente. Coerente a tal ponto de nem mesmo relutar ou tentar explicar um pouco mais. Dói perceber que o pouco que expliquei não foi o suficiente para que minhas palavras fossem recebidas sem armaduras, como verdade. Que dói mais? Meu receio. É sim, meu receio como se estivesse completamente “errada’, e interromper um diálogo com medo de um próximo julgamento. Dói notar que há quem embora não diga, demonstre mais confiança em mim do que alguém a quem me esforcei para explicar atitudes minhas por anos.
Só queria entender...
só queria explicar...
Só isso.