sábado, 3 de dezembro de 2011

"Em coração de homem não se passeia"


 
“Em coração de homem não se passeia”. Dizia Cristina com olhar de quem tem mais a revelar. E eu que já perdi as contas de quantas vezes ouvi, ficava a pensar: “Que será, meu Deus, que Cris sabe e eu não sei?”; e a observava naquele vai-e-vem de pano de chão, rodo e alta filosofia. Enquanto tentava atingir sua meta diária, sempre externava suas insatisfações. Ainda que eu não tivesse muito a acrescentar, balançava a cabeça em “sinal de sim”, ou participava com um “hum hum”. Ora achava graça;  ora, sorria; as vezes em meio a falação me dava as costas. Não entendia muito bem o último gesto, mas isso não me fazia gostar menos dela.
Hoje, há aproximadamente um ano, não convivo mais com Cris, mas volta  e meia algo me faz lembrar de sua frase...
Percebo que decepções fazem com que  deixemos de apreciar quem tínhamos em alta estima por anos; que poucos são os que merecem o privilégio de ser chamados amigos e somos imprevisíveis demais para comprometer nossas atitudes vindouras com promessas. À medida que acompanho o caminhar da boiada, lá dentro ecoa uma voz dizendo:  “Isso não é novidade pra ninguém, moça. Em coração de homem não se passeia”.
Quantas vezes insistimos em passear em corações perpassando entre dúvidas, esperanças e enganos? Em algumas nos perdemos, mas em outras não. E quem pode prever onde essas ruas nos levarão?
Criamos expectativas, mas faz-se necessário ter em mente que nada é plenamente conhecido. Conhecer? Nem cada um a si mesmo. Você pode reconhecer-se em alguns pontos, mas surpreender-se com algumas atitudes suas. E quando me pergunto sobre tudo isso, prefiro concordadr com Cris: “Em coração de homem não se passeia”. Nem no próprio.

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