quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Não me arrependo de nenhum segundo dedicado às rosas que vi florescer. Foram regadas com amor, e de amar não há razão para arrepender-me. No que se refere a amar talvez me arrependa sim, se um dia não conseguir demonstrar, aí já não fará sentido o respirar. Desfalecer-se-ão o eu, os nós, o laços e os vós...  

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sair só. Só sair...

Em busca de essências, e muito sedenta por sinal.
O campeonato mundial pouco importa, o bate-papo no intervalo das aulas(quando se tem) parece fútil, projetos adiáveis, o espaço que ocupo parece temporário e não me pertencer... Tá faltando algo... O agito, o diferente, o que tire o sono e dê paz, tá faltando...
Ultimamente tem sido bem assim, com medo de quem promete, em companhia de mim mesma, sumindo quando dá na telha, aparecendo quando convém, rindo de mim quando vejo grávidas ou quando uma criança parra por mim e sorri(juro que queria rir comigo, mas qd vejo já ri de mim, e sinto que a Vida ri junto, de mim). Ora acho Djavan o cara, ora o cara mais brega que já ouvi e quando escuto Sílaba, Alem de amar e Cair em si saio do páreo... Desisto de análises, intertextualidades e afins. Elas já me tomaram.
Doída, muito. Por ter ferido, julgado, ter sido imediatista, por ter estragado. Afastada de sonhos, não por ter desistido, mas por necessidade de reformular alguns. Se contruir é trabalhoso, imagine...
Ahhh... com saudade de mim, essa eu tô faz tempo. A dúvida é se é como uma saudade de quando alguém morre e as lembraças rodeiam, fica fazendo ruídos nos cantos da casa, te lembrando uma essência além carne e que presente ou não lhe constitui; ou saudades daquela que sente quando não vê a pessoa faz um tempão mas tem certeza que vai rever, por papos em dias, contar aquele mico que pagou, aquela sensação que não contou a mais ninguém, não por ser segredo, mas passou despercebido saca? Que louco... Rs! Nem sentir saudade eu sei... Talvez até saiba. A parafernália toda talvez esteja em tentar entender a danada...
Meu coração tá "igual que nem fole de acordeão. Tipo assim num baião do Gonzaga", como diria Chico: "Ora brinca de inflar, ora esmaga..."

Mas vou de Lenine: "Hoje eu quero sair só..."

Sem castigo!





E mais um dia, cumprimento de rotina: Após banho e almoço, deveria pentear o cabelo e aguardar; mas toda ordem do Universo pode ser bulinada quando ela invoca com alguma coisa. Não por birra, mas os questionamentos e perguntinhas são tantas que para calcular 1+1 você resolver contar nos dedos para não ter dúvida. 
A temática do dia foi o cabelo. E desta vez, ela queria “esquentar” o cabelo. Sua irmã mais velha, volta e meia estava com o cabelo alisado. A mãe, tias e avós em reuniões sociais também, e ela não entendia por que ao invés de ter seu cabelo “esquentado”, faziam trancinhas para que pudesse usá-lo solto. E sempre dizia: “Quero que minha avó esquente meu cabelo! Quero mesmo. Se o da minha irmã pode, por que o meu não pode?”
Sua avó alisava cabelos crespos profissionalmente. O que chamava a atenção era o método arcaico utilizado para isso: chapinha à ferro. Sim, você leu isto mesmo, e não se trata de algo ocorrido em décadas anteriores. Pleno 2012, ainda utilizam deste método de tratamento capilar (ou adestramento; como queira chamar). A garotinha cresceu vendo sua vó fazer isto, e chegava a ficar boquiaberta com o efeito da mágica que a vó fazia: a mecha crespa ou enrolada em segundos estavam estiradinhas, como cabelo de índio. E ela, não via a hora de fazer parte do número. Queria crescer mais um pouquinho para ver o efeito daquela mágica bonita no cabelo dela.
Mas bem neste meio dia de intenso calor soteropolitano, enquanto a tia desembaraçava seu cabelo, ela folheava o livro da escola quando se deparou com uma índia. Olhava para a índia, olhava para o espelho. Olhava para a índia, olhava para o espelho. Ate que franziu a sobrancelha; olhou a índia novamente e encarou o espelho, com olhar bem fixo. Aquilo chamou a atenção da tia que perguntou: “Sua cabeça está doendo?” Ela não respondia. E a tia insistiu na comunicação: “Menina, o que foi?” Quando foi surpreendia com a indagação: “Eu não sou brasileira?” A tia responde: “Sim. Claro que é.” E a garotinha apresenta sua lógica: “Então a índia que não é brasileira não é, tia?” A tia: “Claro que é também.” Ela reluta: “Não é não. A gente é muito diferente. Olhe meu cabelo e o dela. Quem é brasileira, eu ou a índia?”
A tia, como quem quer por ponto final: “As duas, menina! Onde já se viu...”
A garotinha calou. Não por consentir, mas dispirocou em “pensares infinitos” ainda mais. E voltou: 
-Ah tiaaaa! O índio não já morava aqui antes de todo mundo, não é?
-Sim.
-Então eles que são brasileiros. E a gente só fica mais brasileiro quando esquenta o cabelo, porque ai fica lisinho que nem a índia do livro. Então a gente esquenta o cabelo para ficar mais brasileira, tia?
Aquelas palavras que saim bailando naquela vozinha inocente ressoava na cabeça da tia como símbalos dum sino gigante. Não pela voz irritá-la, mas pelo fundamento do questionar. Ecoava lá dentro: “Por que eu aliso meu cabelo, meu Deus? Esta criança é um android?” 
A tia, simulando uma firmeza de idéias, conta de maneira breve a história do Brasil:, miscigenação, chegada dos negros, enraizamentos dos colonizadores e outras questões envolvidas. A criança ouvia atentamente, até que quando perguntou: “E quando as negras começaram a esquentar o cabelo? Era inveja das índias?”
A tia pacientemente e com certo pesar, tentou adaptar (converter, talvez) a história a uma versão infantil, e se pôs a narrar que os homens brancos “namoravam” com suas mulheres brancas, mas ainda assim queriam namorar as negras. Logo, as mulheres brancas queriam saber o porquê. O que as negras tinham que chamavam atenção? Como as Sinhás não podiam mudar a cor das negras, nem a anatomia dos seus corpos, mexeriam em sua madeixas, para deixá-las cada vez mais semelhantes e não chamarem atenção dos maridos. Até parece... Mesmo que as negras não querendo, eram forçadas a isto, muitas vezes apanhavam, tinham seus corpos marcados a ferro e outras até morriam de tanto mau trato.
A menina então parou e fez: 
-Tia, que vergonha!
-De que?
-De quem alisa cabelo. Isso era castigo. Castigo por que era diferente, tia? Mas você não me diz que sou diferente, e isso é bom?
A tia ficou sem palavras. Quando nossa pequena socióloga prosseguiu em suas provocações:
- Então você gosta de se castigar, tia? Minha vó trabalha transformando o cabelo das pessoas por que elas não gostam do que são? Então elas saem menos brasileiras... Não quero mais esquentar meu cabelo, não.
-Você está certa. Mas venha pentear seu cabelo porque a condução daqui a apouco chega.
-Mas apertar com esse elástico, encher de creme e trançar também não é castigo?
-Não, meu bem, é cuidado. 
-Então hoje quero ir só com creme. Deixa ele bem solto. Bem brasileira. 
E assim ocorreu. Foi à Escola, a La Brasileira.
Quando mais tarde retornou da Escola, desceu saltitante como sempre da condução. Sua mãe não a tinha visto quando saiu por estar trabalhando, e agora no seu retorno, deparou com o visual Black da negrinha. A mãe achou uma loucura aquela cabeleira volumosa, ao vento. E exclamou: O que é isso menina? Que cabelo é este?
Quando ela respondeu: Cabelo de pretinha, mãe. Cabelo de brasileira. Brasileira sem castigo!
E desse dia em diante nunca mais falou em esquentar o cabelo... Só quer brasileirar, e isso ela sabe fazer muito bem.
Vulpes Persona

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Eu soubesse se

"Há encontros que matam."
               Alphonse Dupront


Se eu soubesse não teria ligado
Se eu soubesse não teria saído
Se eu soubesse não teria marcado
Se eu soubesse não teria insistido
Se eu soubesse não teria assistido

Se eu soubesse.
Como não soubera
Há do que ter se arrependido?

Se Dupront tivesse me contado
Talvez não tivesse ocorrido
Ou mais uma vez teria teimado?
Encontro matante, matado, morrido.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Roxazul

                                              

A moça de roxo
Pacata e tão séria
Sentada sobre o banco duro

O moço de azul
Sentou ao seu lado
E logo derrubou seu muro

Lhe deu uma abraço
Entre tantas lágrimas
Como se lhe regasse a alma

Danado de moço
Driblou o desespero
Sussurrando pra moça: "Calma..."





Poema perdido

Sumido poema
Lhe caço a a dias
Por que "redevu"* não te acho?

Encartes, folhetos
Todos rebulidos
E você perdido
Diacho!

Lembrança achou que hoje era dia
De vir comigo passar
Diz que quer te ver
E já não entende
Por que eu não quis te mostrar

Expliquei pra ela
Que quando nascestes
Foi em momento de amor

Porém mais tarde
Já não consegui encará-lo
Ta tamanha era a dor

Danado poema
Já tem até filho
E esse acabo de parir
Aposto que está em um canto bem perto
Olhando pra mim a sorrir

Dizendo
Mas que moça tola é essa
Já cansou de me procurar?
Estou muito fácil
Sempre ao seu alcance
Paciência e vai me encontrar

Já posso te ouvir:
Estive tão perto
E leva-me dias contigo
Desta vez não foi em guardanapo
Ou no verso te qualquer artigo

Estive quieto, calado
A espera de quando quisesse me achar
Perdido numa matéria boba
Do velho caderno
A te acompanhar



* A palavra "redevu" muitas vezes utilizada em certos locais do Brasil para representar a ideia de agito, confusão ou coisa do tipo. Em muitos sites, o vocábulo passa por uma correção e é vertido em "randevu". Essa nova palavrinha (bem assim escrita) é turca, que traduzindo seria em Português "nomeação"... Puft! E nesse Brasil de meu Deus quando se diz "redevu" não se quer nomear mais nada. Apenas dizer que houve a tal parafernália e pronto! A menos que a tal "nomeação", seja sinônima de "nomezão", que poderia ser uma palavrão. Para explicar um vocabulozinho, quanta volta! ... Como diria voinha: Que redevú!

Navegante Mareado...










Mares que a mim inunda
Largo mão ser navegante?
Maremoto tange, assusta
Por mais que lhe seja amante

Te adentrei em calmar
E em teu meio tive medo
Da gota virar veneno
Do sacode que me dava
Tive medo do ingênuo

Hoje busco terra firme
Mas ainda titubeio
Acostumei com teu balanço
E sonhar em devaneio
Crédito: Tito Garcez

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Bem que se quis...



Bem que se quis,
Fazer um poema rosa
Com toque de amor eterno
E graça de moça prosa

E mais cedo fora criado
Num toque, desarnado
Sem muito apagar
Ou troca de vocábulo

Mas não fora declarado
Talvez tenha sido pecado (não declarar)
Agir assim, por instinto

Mas era muito saudável
Parecia suco de fruta
Quando o final do dia, pedia abiscinto

Lista de presentes: Abismo, Granada e Rosas


Queria de presente hoje um abismo ou uma granada.
O abismo para eu dançar "Dois pra lá dois pra cá" do precipício mais alto antes de ficar na ponta dos pés na pedra mais pontuda.
E a granada? Nesta eu habitaria. Aguardando o dia em que alguém fizesse a gentileza de puxar a maçaneta da minha porta, lançando meu lar aos ares.
O poema escrito mais cedo virou lixo, sua poesia perdeu o brilho, e a rosa... Não quero falar dela! Me remete a Rosa de Iroshima...
Destroços.