domingo, 2 de outubro de 2011

Que elas sempre me invadam



         As palavras ficam soltas aqui no quarto, e para uni-las tenho que rebuscá-las pelos cantos, na blusa abandonada, na poeira debaixo da cama, dentro dos sapatos e as vezes, ainda que raramente, flutuando em minha frente. Percebo que quando não faço questão delas e sento-me na cadeira da maresia, tentam invadir-me, rodeando acariciam minhas mãos, invadem minha boca... não resisto. E quando elas fogem? A gravidade do meu desejo de combiná-las parece insuficiente para atê-las aqui dentro; e quando olho ao redor percebo portas e janelas abertas. Talvez por ali elas fujam, mas pelas mesmas brechas que elas fogem, outras invadem. Invadem, me tomam e quando não estou mais por conta, assim como elas o quarto não me delimita mais. Escapo pelas brechas que elas alargaram ao entrar.

Ah, palavras...