Marcelinho nunca se questionava. Achava tão mais prático atribuir culpa aos seus, que não se dava o trabalho de puxar perguntas para si. Se perdia o horário para algum compromisso a culpa era do sono, do ônibus que não chegou no horário, da mãe do motorista que passou mal e fez com que o mesmo se atrasasse, da barata que voou na mãe do motorista, menos dele.
Um
dia, aceitou de um amigo o desafio de questionar a si mesmo por uma semana e
anotar o resultado de tal experiência.
No
primeiro dia, encarou o desafio como insignificante; no segundo, percebeu que
não seria tão fácil como imaginou. Por fim, no último dia, ao analisar suas
respostas, caiu em si de que era um Marcelo diferente e não gostaria de ser (nem
conseguiria) como o anterior.
O
garoto percebeu que antes estava condicionado àquela forma anterior de encara
as coisas; que perguntas retóricas podem causar incômodo, e muitas vezes dor,
quando não se quer enxergar as respostas. Notou que acara as perguntas difíceis
por medo das respostas; medo de saber que tais poderiam mexer muito no “seu
mundinho”.
Marcelo
não mudou porque disseram a ele: “Não pode ser assim, mocinho. Você tem que
crescer, você tem que mudar, você tem que...” Marcelo cresceu por perceber em
que aspectos poderia ser melhor. Talvez você não tenha feito uma aposta como
Marcelo, mas sempre que quiser pode questionar-se por atitudes, vícios e
condicionamentos seus. Talvez não tome nota de mudanças suas em papel, mas o
retorno de tal reflexão certamente valerá mais do que qualquer registro em
cartório. Talvez não tenha dito a si mesmo: “vou mudar”, mas perceba pontos em que
mudou, ficou “menos você”, mas uma pessoa melhor.
Talvez valha a pena...
Talvez valha a pena...
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