segunda-feira, 28 de julho de 2014

A arte de parir.

Pari. 
Sim, eu pari.
Acabei de parir. 
Da gestação de aproximadamente quatro meses, me resulta um filho nos braços: um ensaio.
E meu filho nasceu grande e bem alimentado. Só não sei dizer se isso foi bom e até que ponto.
E quer saber? Que dor, cara! 
Doeu, como todo parto dói, pois parto ainda que não seja natural, dói depois. A ansiedade para ver a cara do seu filho, a angústia de não saber se vai acontecer tudo bem, abraçada com a expectativa da agonia passar logo. Chamo de dor.
Enfim, escrevi sobre "a escrita de si" nos blogs. Inicialmente, com os blogs Fulorescer , de Flor de Azeviche e Ossos do Ofídio, de Marcelino Freire. Este último, me serviu de fonte para o título deste texto. Vi em seu blog duas postagens que tinham por nome "A arte do ator" e "A arte do diretor", nos quais percebe- se uma ligação muito forte da linguagem do "eu" que Marcelino apresenta. Enfim, pensei: "Mas como pári charmoso esse Marcelino, viu? Parece que vai parir sorrindo, fazendo "selfie"." 
 Juntando tudo como o momento de produção textual que vivi, inicialmente obrigatório e no final, muito prazeroso (prazer, com dor, ressalto. Escrever, dói), surgiu o título: A arte de parir. 
A palavra que falta, o trançar das pensamentos, a viagem que a mente faz além-Pasárgada e o escambal são estímulos imprescindíveis para o seu filho seja feito com tesão. E quando parece que você vai parar no meio do caminho, e não tem mais força, em meio a todo cansaço você continua. Ah... Você descobre que existem formas diversas e jeitos de conceber um filho, e tem aquele que é só seu (o jeito, porque filho não é só seu nunca, por mais que seja o seu desejo). 
E nessa loucura de ir e devir, o filho vai tomando forma. 
Eu, já esgotada, placenta madura, dilatada, precisando daquele impulso final, que é anúncio de final de parto, e começo de todo trabalho que filho pode dar, (afinal, filho no mundo: exposto a tudo e filho criado, trabalho dobrado), suspiro. 
Enfim, nasceu.
A lista dos pais do meu filho é imensa, levo comigo sementes duma próspera lista que abrange de Foucault a Paula Sibilia.
Iraci Rocha, com tanta  solicitude e orientação (umas acatadas, outras nem tanto) não sei ainda se chamo de madrinha ou avó da minha criança. 
A vocês, leitores, um breve de agradecimento e ressalva de que a falta de tempo tem me privado um pouco de passear com tanta frequência por aqui. 
Quanto ao meu filho, uma dia mostra para vocês. Menino novo. molinho não é para ser mostrado por aí, assim, à toa. 
No mais, me retiro. Vou repousar. Até porque estou parida. E parir, além de doer, cansa.

2 comentários:

  1. Confesso: fiquei chateada agora.Digitei um texto tão bonito, cheio de elogios para a Escritora.E, simplesmente sou direcionada para uma nova página.Revoltada.Tentarei lembrar.
    Ainda bem que seu parto foi natural.As dores quase nunca se evitam.No entanto,o resultado?!Esse sim desperta nossos melhores sentimentos.Amor,ternura,compaixão,doçura.Seus trabalhos são maravilhosos.Queria eu, ser tão "letrada" quanto tu.Admiro sua maneira divertida de trabalhar com ideias e formar novas ideias.Sua arte é inspiradora.
    Desejo-lhe sucesso.

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